domingo, 25 de julho de 2010

De tarde.



Tinha um jeito singular de fechar os olhos quando experimentava emoção bonita, coisa de segundos e coisa imensa. Era como se os olhos quisessem segurar a beleza do instante, o suficiente para levá-la até o lugar onde o seu sabor nunca mais poderia ser perdido.
Eu via, olhos do coração abertos, e nunca mais perdi de vista o sabor desse detalhe. Porque quem ama vê miudezas com olhar suficiente pra nunca mais se perderem.



Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe.
E ele conta. Com a calma e a clareza que tem.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Essas épocas.


Necessariamente não tenho saudade de coisas e sim de épocas. Época tem como característica um conjunto de datas ao redor de um referencial determinado, não possuem um tempo característico delimitado.
É expansível ou flexionado, de acordo com a variável do evento referenciado.
Músicas e perfumes costumam me remeter a nostalgia de épocas.
O cheiro do café me transporta imediatamente para a sala da casa antiga da minha avó, aos cinco anos de idade.
Wild Horses dos Rolling Stones me trazem de volta as férias mais felizes da minha vida...
Saudades de cds antigos. Saudade da época em que eles estavam no topo das paradas de sucesso. Ou melhor, da minha vitrola, onde eu sentava uma tarde inteira para ouvir meus vinis!
Saudade de toda uma época inteira.
De várias delas.
Espero também um dia sentir saudade da época de agora em alguma outra época...

domingo, 11 de julho de 2010

Night Time.


Você significa muito para mim. E isso é dificil de mostrar. Fico descontrolada por dentro. Quando você se vai. Posso confessar essas coisas a você? Bem, eu não sei. Está gravado em meu peito. E isso é dolorido de aguentar. Eu não poderia entregar meu coração. Meus olhos cintilam mirando a escuridão. Eu ando sob dias chuvosos. Guarde minhas palavras, mantenha-nos juntos. Os passos são firmes, mas é provável que tropece. Deveria soltar, mas apenas aperto mais. É noite! Seja compreensivo, estive inventando, mentirinhas, que digam a verdade. Vou me entregar a você. E quando amanhecer, terá sido muito divertido, e falaremos sobre isso em breve!

sábado, 10 de julho de 2010

Sim. Eu quero!


Quero uma vida de mentira. É, isso mesmo!
Dessas que a gente lê livro na sombra de salgueiros, e vê coelho correndo na grama. Tortas prontas na geladeira. A mobília sem acumular pó. Aonde as meias não sujam se andamos só com elas no chão. Dessas que agente muda pra uma casa no campo, faz fogueira todo dia, toma banho de ofurô, sobe numa árvore de avelãs. Toca gaita de bambu e meia lua acompanha violão.
Quero isso tudo na minha vida de mentira.
E de resto, quero só verdades.

d-b: The Avett Brothers - For Today

quinta-feira, 8 de julho de 2010

é inesplicável.


Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem. A noite era quente e calma, e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste. Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença,aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama, te esperar. Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos. Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.

Só assim, livrar- me-ei de ti,

Pernilongo Filho da Puta!!!!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Era uma garota...


Era uma garota sonhadora e ao mesmo tempo desiludida, da vida e das pessoas. Um tanto confusa. Causa de decepções passadas. Sempre com um bom humor verdadeiro, ainda lhe restava sua imaginação. Sua grande sinceridade a atrapalhava, às vezes. Tinha muito a falar, mas poucos para ouvi-la. Queria fugir, viver, sentir. Queria muita coisa, que não só dela dependia. Tinha opinião própria. Gostava de uma boa música e de dançar. Sentia a batida da música como se fosse de seu coração. Fugia do tédio que a perseguia. Disfarçava sua monotonia escrevendo bobagens que rodeavam sua cabeça. Amava seus amigos. Tinha os como uma sua família. Muitas das vezes era uma criança boba, uma rebelde ou até mesmo santa. Se importava com pouco, mas ao mesmo tempo com muitos. Gostava do garoto, mas não mantinha esperanças quanto a isso. A cabeça vivia nas nuvens, mas mantinha seus pés no chão. Só queria alguém que a entendesse.


Eu digo garota. Um dia isso tudo passa!
Eu espero...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sobre café e cigarros!


Ele deu um trago no cigarro como um meio de evitar as palavras. Assim, mantinha a boca ocupada enquanto o outro falava. E a cada frase que chegava aos seus ouvidos, era impossível não se lembrar das tantas vezes que já havia estado do outro lado. Mais um gole no café quente. Talvez aqueça o frio daquele dia. Talvez a fumaça que saía da xícara pudesse penetrar no outro e fazê-lo mudar de ideia. Mas não, a cada minuto seu café ficava mais frio, e não dava mais conta de protegê-lo dessa sensação desastrosa que é ouvir um “o problema não é com você, é comigo”.
Logo ele, sempre acostumado a ser quem dá a palavra final. Inclusive, veja que ironia, ele já tinha usado essa frase clássica algumas dezenas de vezes. Mas dessa vez, o tom parecia diferente. Não que fosse de fato: a verdade é há uma grande diferença entre dizer e ouvir. Dizer sempre dói menos. E ele desconhecia essa dor. “Bem vindo ao mundo dos de carne e osso” – por um momento pensou ter ouvido alguém dizer.