domingo, 29 de agosto de 2010

Tempo Humano.


A noite estava fria, mas nem isso arrefeceu meu coração, parei, pensei, a imaginar em como seria se ele ficasse frio, parado. Não o consigo imaginar assim....

Esquecer não é o objetivo final, até porque quando o temos como meta a complicação pode ser ainda maior. É muito mais importante que se lide com todo o processo da dor, com as etapas naturais da dor. Apressar esse processo na maioria das vezes traz consequências ainda piores. A pessoa até acredita que superou e está bem, mas o que normalmente acontece é uma enorme recaída num momento posterior. É necessário refazer a parte da estrutura que ficou frágil e não apenas retocar.
Apesar do oposto que vivemos atualmente é importante que se respeite o tempo e a si mesmo, o tempo humano e não o tecnológico e frenético que vimos acontecer.

Novamente parei, pensei e fechei os olhos. Imaginei como seria a minha vida assim, mas a minha razão nao foi mais forte que o meu coração. Esquecer eu tento, só ainda não consigo!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ice, ice baby.


Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do tal sorvete. Uma só.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete e ir pra casa, com direito a repetir quantas vezes quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta e a conta no fim do mês, claro!
E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar’, dai a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão. É, isso mesmo.
Às vezes dá vontade de fazer tudo “errado”.
Deixar de lado o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo.
Um dia...
Mas não agora.

Por isso, eu peço ao garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete!
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ooº É ºoO


Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o sol. Que toda vez que o meu coração se resfriar, e a respiração se faz áspera demais, eu possa descobrir maneiras para cuidar dele. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo me reste sempre uma brecha qualquer para ver também um pouco de céu.
Tomara que meus enganos mais devastadores não me roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalcei os sentimentos, não me tire a coragem da confiança. Que o medo exista, mas que não tenha tamanho para esconder o meu amor.
Tomara que eu não desista de ser quem sou por nada nem ninguém deste mundo. Que as mentiras alheias não confundam as verdades, mesmo que sejam impermanentes. Que, mesmo quando estiver doendo, que eu não perca de vista nem de busca a ideia da alegria.
Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, eu continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de uma vida talvez feliz.

Tomara.